quinta-feira, 4 de setembro de 2025
Fingindo ser ela
terça-feira, 29 de outubro de 2024
O aroma da morte
Eu me lembro do perfume da minha irmã. Era doce e suave, como uma manhã de primavera. Ela sempre parecia carregar um pouco de paz com ela, como se aquele cheiro de morangos frescos e algo doce que eu nunca consegui identificar tivesse o poder de afastar qualquer coisa ruim. Quando eu estava ao lado dela, me sentia seguro, como se nada pudesse me machucar.
Mas isso foi antes do acidente.
Eu tinha seis anos. Estávamos no banco de trás do carro, meus pais na frente, minha irmã ao meu lado. Ela estava cochilando, e eu sentia aquele cheiro familiar e tranquilizador. Foi aí que, do nada, um aroma estranho surgiu. Era algo que eu nunca tinha sentido antes – amargo, como metal enferrujado, e ao mesmo tempo, azedo. Eu me lembro de franzir o nariz, de tentar entender o que era aquele cheiro e de me virar para perguntar aos meus pais… mas não deu tempo.
O barulho do impacto foi a última coisa que ouvi. Depois, houve apenas o silêncio e aquele cheiro horrível, que pareceu impregnar tudo ao meu redor. Minha irmã não sobreviveu. E eu saí do hospital com uma sequela na perna, que mesmo depois de todos esses anos ainda me faz mancar. Mas o que ficou impregnado em mim foi o medo: aquele cheiro estranho que surgiu no exato momento em que tudo deu errado.
Com o tempo, comecei a notar que sempre que alguma coisa estava prestes a dar errado, algo como aquele cheiro voltava. Era um presságio silencioso, um aviso. Eu costumava sentir o cheiro ruim quando estava próximo de pessoas que estavam muito doentes, era normal sentir esse cheiro em hospitais, por isso sempre evito esses lugares, porque sei que quando sinto esse cheiro a morte está por perto.
Meus pais achavam que era trauma, que eu estava imaginando coisas. Mas eu sabia que não era só imaginação. Eu sentia o cheiro. E, sempre que o sentia, algo ruim acontecia.
Eu aprendi a confiar no meu olfato. Como naquela vez, no ensino médio, quando meus amigos me convidaram para uma festa. Eu estava pronto para ir, mas, de repente, senti aquele cheiro amargo e metálico de novo, como se o perigo estivesse bem ali, espreitando. Desisti de sair. Na manhã seguinte, descobri que a festa foi invadida por assaltantes. Um dos meus amigos foi baleado. Foi assim que percebi que meu olfato de alguma forma era um aviso.
Os anos passaram, e eu fui me isolando cada vez mais. Estar perto de muitas pessoas me deixava nervoso, sempre atento a qualquer sinal, a qualquer aroma que pudesse indicar perigo. Então, um dia, tudo mudou. Eu conheci alguém, a Clara.
O cheiro dela era tão doce que trazia uma calma profunda, me lembrava do cheiro da minha irmã. Era como se eu estivesse protegido de tudo ao lado dela, como se o mundo ficasse mudo e seguro. E pela primeira vez em muito tempo, eu me senti em paz
Sempre que eu estava ao lado dela, o mundo parecia melhor, como se nada pudesse me machucar. Logo me apaixonei perdidamente.
Até o dia em que tudo mudou.
Estávamos em um trem fazendo uma viagem escolar para uma pequena cidade fora da capital. Eu não gostava de lugares lotados, mas Clara me convenceu de que seria uma viagem divertida. O vagão estava cheio, e nós nos sentamos juntos, rindo de qualquer coisa, aproveitando o momento. Mas, no meio da conversa, senti um cheiro.
Era fraco no início, como uma nota azeda se misturando ao perfume dela. Pensei que fosse algum tipo de problema no vagão, talvez algo na cozinha do trem. Mas então o cheiro ficou mais forte, mais intenso, um misto de metal enferrujado e carne queimada, algo que prendia minha respiração, que me fazia lembrar do acidente, daquele dia no carro.
Olhei ao redor, mas ninguém parecia notar. Todos estavam tranquilos, conversando, olhando pela janela. Mas, para mim, era como se aquele cheiro estivesse explodindo, preenchendo cada espaço do vagão. Era o cheiro mais intenso que eu já havia sentido, como se o próprio ar tivesse apodrecido.
Me virei para ela, e o sorriso ainda estava em seu rosto, mas eu mal conseguia olhar para ela com aquele cheiro. Sussurrei que talvez devêssemos descer na próxima estação, que algo estava errado, mas ela apenas riu e segurou minha mão, como se quisesse me acalmar. Mas o cheiro... o cheiro era tão forte que tudo ao meu redor começou a girar, a escurecer
Enquanto conversávamos, um homem entrou no vagão. Ele era alto, e o sorriso que ele tinha no rosto era desconcertante. O cheiro horrível começou a se intensificar, um fedor que invadia minhas narinas e me fazia querer vomitar. Aquele sorriso... ele parecia estar feliz, mas aquele olhar doentio indicava que algo não estava certo. Olhei para Clara tentando encontrar conforto, mas até doce perfume dela não conseguia esconder aquele cheiro.
O cheiro que emanava das outras pessoas ao nosso redor começou a mudar, tornando-se semelhante ao do homem. O ar estava cheio de tensão e desespero, e o doce aroma de Clara foi rapidamente sufocado pelo cheiro nauseante que se espalhava pelo vagão.
Aquilo ficou tão intenso que meus olhos lacrimejavam, e eu comecei a sufocar, sem conseguir respirar.
O coração começou a disparar em meu peito. O homem sorriu. E foi nesse momento que o odor alcançou seu auge. Ele puxou uma arma do bolso da blusa, e eu percebi que a paz que sentia ao lado de Clara estava prestes a ser destruída.
Me dei conta de que não havia escapatória, que aquele cheiro de morte era absoluto. A sensação me atingiu com tanta clareza que a aceitação era inevitável.
Naquele instante, não havia dúvida: a morte já estava conosco.
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
As fadas
quarta-feira, 24 de julho de 2024
O sacrifício do manto vermelho
segunda-feira, 25 de março de 2024
Reflexo na escuridão
Olá, meu nome é Megan. O que irei relatar é uma série de acontecimentos que mudaram minha vida, destruindo totalmente minha infância
Eu fui criada em um rancho isolado, onde a paz da natureza era interrompida apenas pelo sussurro do vento e o rugido distante dos animais. Meu pai, decidido a me proteger do caos urbano, optou por essa vida tranquila entre campos verdejantes e céus estrelados. Porém, nem tudo era serenidade.
Desde a infância, ajudei nas tarefas diárias: regar a horta com minha avó e alimentar os animais com meu avô. Os porcos me causavam arrepios, mas eu os observava à distância, cautelosa. O rancho era um paraíso, com árvores frutíferas e um riacho sereno, onde uma ponte de madeira servia de observatório para as águas em movimento.
Mas havia mistérios, sombras escondidas sob a beleza aparente. Meus avós mantinham costumes estranhos: cobriam os espelhos ao anoitecer e proibiam-me de brincar fora de casa após o pôr do sol. Na época, pareciam meras excentricidades, ao meu ver era o tipo de coisa que os adultos faziam para irritar as crianças. Até que as regras foram ditadas:
- Nunca descubra os espelhos à noite. Se acidentalmente descobrir, em hipótese alguma encare seu reflexo.
- Ao deitar-se, mesmo que esteja sem sono, finja estar dormindo. Não importa o que aconteça, não abra os olhos. Há coisas na escuridão que não querem ser vistas
- Não aceite os convites das crianças para brincar do lado de fora. Lembre-se, Megan, nós não temos vizinhos.
- Se esquecer algo do outro lado do riacho, deixe-o lá. O que quer que seja, não lhe pertence mais e não estará lá quando voltar.
- Não responda quando chamarem seu nome, mesmo que pareça familiar.
Eram regras confusas para uma criança, nada parecia fazer sentido. Quando eu tinha sete anos, um pesadelo despertou-me em desespero, assustada chamei pelo meu pai, mas o silêncio da noite foi minha única resposta. Comecei chorar.
Lembrei da paz que sentia ao olhar para as vacas, então abri as cortinas e as olhei pela janela, elas estavam todas voltadas para a casa, senti como se olhassem diretamente para mim. Seus olhos brilhavam refletindo a luz da lua de forma perturbadora. Era como estar em transe, mas algo me despertou ...
"Megan?"
Uma voz
"Megan!!"
Um chamado
Mas dessa vez em tom de choro. Relutante, segui-a até o banheiro, de onde parecia emanar, mas não havia ninguém lá. Um frio gélido percorreu minha espinha quando percebi que a voz estava vindo do espelho, eu podia ouvir uma respiração ofegante.
Lentamente me aproximei
"MEGAN!"
A voz gritou
Em meio ao desespero, puxei o pano que cobra o espelho, um amargo erro... Vi pelo reflexo uma mulher correr em direção à porta. Ouvi o som de seus passos pela casa antes que a porta se fechasse com estrondo. Em seguida ouvi gritos lá fora.
Comecei chorar. A porta se abriu, era meu pai. Me abraçou dizendo que tudo ficaria bem
Ele havia sido forte durante todos esses anos seguindo as regras. Mas ele não foi forte quando minha mãe morta começou a gritar aterrorizadamente lá fora...
Ele abriu a porta...
Ele saiu...
Ouvi seus gritos indiscerníveis se unirem.
Aquela foi a última vez em que vi meu pai
Meu vô disse que ele foi vítima das crianças do escuro. Tentei culpar meus avós, mas sabia que a culpa não era deles... Ninguém podia fazer nada.
Hoje eu temo a noite, e temo o luar, porque sei dos horrores que a lua traz consigo.
-
Rancho: Reflexo na escuridão JavaScript needs to be enabled to play Rancho: Reflexo na escuridão . Olá, meu nome é Megan. O que ir...
-
Eu tinha doze anos quando fui escolhida para fazer aquilo. Cresci em uma cidadezinha interiorana que se mantém através da agricultura. Desde...
-
Ocult Games Forum - A Lista das 7 Coisas OCULT GAMES FORUM ▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓▓...
-
Quero que me veja sorrir enquanto te assisto ir embora, mesmo te amando eu te deixo ir, porque sei que você também é a preferida de alguém M...
-
Eu me lembro do perfume da minha irmã. Era doce e suave, como uma manhã de primavera. Ela sempre parecia carregar um pouco de paz com ela, c...
-
Olá, meu nome é Megan. O que irei relatar é uma série de acontecimentos que mudaram minha vida, destruindo totalmente minha infância Eu fui ...
-
Você disse que juntos veríamos o sol nascer E como se estivesse sonhando, eu voei alto e vi as asas desse amor derreter E a luz que deve...
-
Minha avó costumava dizer que o medo verdadeiro não vinha de criaturas grotescas que saltam das sombras. O medo verdadeiro era sutil, pacien...




.jpeg)

